Chegado ao pesqueiro ainda era cedo e havia muita gente a fazer praia. Marquei o lugar para mim, onde me parecia melhor, alargando as canas para dar espaço prós meus colegas colocarem as deles pois iriam chegar mais tarde.
O pessoal foi deixando a praia e toca de colocar as iscas de molho. Entretanto chegam os meus colegas mas uns cinco minutos atrasados pois o local que seria para eles tinha acabado de ser ocupado pois dois pescadores que tinham chegado. Os meus colegas montaram as canas e... isca na água. O mar estava com um trabalhar perfeito para dar peixe bom. Boas ondas e bem espaçadas.
Nisto sinto a minha cana a bater. Corro para ela e ferro o peixe. Os meus colegas nem se apercebem e só quando lhes assobio é que deslocam até ao pé de mim para ver o que tinha tirado. Um robalo com mais de 800g. Preparo novamente o material e cana na água.
Passado uns minutos nova cabeçada. Desta vez vários pescadores se aperceberam dela. Pego na cana e ferro o peixe. Boas cabeçadas e siga para norte.
- Alto! este já é melhor.
Passado algum tempo fica a seco. Lindo. Pesado no local pelo Paulo (levou a balança digital) marcava 1,120kg.
As horas iam passado e nem mais um toque. Nisto avistam-se quatro luzes ao fundo. Era PM a fazer uma visita ao pessoal em duas moto4. Viu licenças, BI e o peixe. Ainda conversei com eles sobre a mortandade de peixe pequeno. A resposta que me deram é já estavam a tratar do assunto mas que era dificil pois muitos pescadores não sabem as medidas e como só vão pescar nas férias só se lembram de tirar a licença por que ouviram falar que era obrigatório. Sugeri-lhe que quem fosse apanhado uma vez era avisado e como ficavam com os BI e número de licença da próxima vez não tinham desculpa. Acataram a sugestão e disseram que iriam falar disso dentro do posto de comando. Vamos ver se dá resultados. Ainda falei sobre os barcos de pseudoprofissionais que matam tudo que cai na rede e largam redes muito próximo da margem. Sobre isso disse que estavam a ser tomadas medidas para combater esses atentados e que já alguns foram autoados e que para breve as coisas iriam começar a melhorar pois o português só percebe quando lhe entram no bolso. Terminada a vistoria seguiram para os pescadores seguintes onde fizeram o mesmo. Acho bem este tipo de atitude e é de louvar a fiscalização das nossas praias feita deste modo.
Entretanto ao nosso lado vemos um pescador a lutar com um peixe mas não o conseguia colocar a seco. Fui ajudar a tirar o peixe e lá o conseguimos tirar. O homem solta um grito de alegria. Também era um peixe bonito. Pesava 2,100kg.
O tempo ía passando e não dava sinal de peixe. As iscas vinham inteiras e tudo ensarilhado. Numa dessas vezes em que vinha tudo enrolado pousei a cana no espeto e tratei de colocar o estralho operacional. Estava eu entretido de volta deste quando me apercebo de uma onda mais forte que vem em minha direcção. Tento recuar de marcha atrás mas tropeço e vou ao chão. A onda como vinha com bastante força não foi de modas e zás... molhou-me todo até à cabeça. Fiquei que nem um pinto. Os meus colegas riram-se da sitaução e eu também pois em muitos anos de pesca foi a primeira vez que apanhei um banho assim. Molhei o telemóvel, a chave de cartão do carro (é um megane e a chave é electrónica) e ainda perdi as chaves de casa e do trabalho (só quando cheguei a casa é que me apercebi). Para sorte minha não tinha vestido o casaco. Tirei a camisola e a camisa e vesti-o. Ainda aguentei mais um pouco mas como não dava nada resolvemos regressar a casa. Ao chegar a casa verifico que não tenho as chaves e toca de acordar a minha esposa. Riu-se de mim e da minha aventura também.
Fica mais este dia para recordar e a foto dos peixes tirados. Dois kg deles já foi bem bom.
